domingo, 5 de agosto de 2012

Ato de Suicídio



Naquele sábado tudo ia bem.
Todas as certezas e metas em mim
ainda brilhavam e eu andava longe
da escuridão.

Eu ouvi falar de seu ato de morte.
Como algum compatriota, fui
ver você e me deparei com sua face
tão só na desilusão.

Por que tão parecido com quem eu quero esquecer?
Por que tão atordoado eu fiquei simplesmente ao ver
seu rosto, por quê? Por quê?

Eu tentei disfarçar a mágoa
e a dor que carrego em mim.
Senti em você uma arte refinada
de se matar.

Melodramático, psicologicamente
abalado por ver seu rosto tão igual
ao do amor que eu em mim todo
dia tento acabar.

Caindo pelos ares e taciturno de sua abnegação em viver.
Por que eu carrego comigo algo parecido com você?
Por quê? Eu queria saber o porquê?

O mundo não é sempre escuridão e a tristeza nem sempre tem razão,
mas existe algo em mim e em você que nos faz ver tudo cinza.
E por mais que eu diga que vejo a luz do sol, por mais que eu minta,
eu entendo seu sofrimento e sinto a dor perene de seu instinto de autodestruição.

Quando olhei nos seus olhos e vi sua boca dizendo que queria morrer,
senti um pedido de socorro e me revi no seu olhar. Como eu entendo você!
Ato de suicídio, veneno a se tomar, sua voz, seu grito ecoa na minha mente
doente, que finge ser sã diante do dia, mas que ecoa a morte todo dia, sempre.

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