domingo, 8 de junho de 2014

AFROD!S!ACO MANJAR



Manjá de ambrosia
n'um batel pelo Tártaro a navegar.
No Dite, eu toquei o Caronte: fi-lo deitar
diante de Hércuba, a infernal.
Eu sei fazer todo o Parnaso se elevar
perante o Febo descomunal.

Cítrico vento Zéfiro que vem de longe
e faz tudo em fúlguras se desfazer,
traga-me argênteos pomos para deles
presentear com louros e laudas de amor o meu prazer.
Não quero dizer poemas
nem perder tempo com promessas no papel,
preciso de presentes para meu amor.
Sopre vento doce, eleve os panos do batel
qual fez tu com Dante e Virgílio na Comédia.
Eu desejo um Febo deitado no meu panteão,
fazê-lo tremer por sobre o chão,
qual fez a Pompeia o Vulcão!

Eu preciso de Deuses no meu suco real,
preciso de motivos felizes
para com eles criar um vestido surreal.
Eu preciso de um presente
para meu amor. Tecendo matizes de Afrodite
dentro do seu olhar de paixão,
criar saturnais, bacanais primaveris em Recife,
porque toda forma de amor
é uma busca pela morte da individualidade.
Eu tomo seu néctar e fecundo
nele toda minha inventividade.

Febo, Deus ativo feito androceu,
fecundou-me com poemas de paixão
e, neles, o seu vigoroso caduceu
tornou fértil o solo salobro do meu coração.

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